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VOCÊ PODE NAVEGAR PELOS TEXTOS ATRAVÉS DA GUIA AO LADO

[TENHA UMA BOA LEITURA!]

[Reportagem multimídia pra Trabalho de Conclusão de Curso]

Âncora 1

A reportagem "Por uma nova consciência" conta a história do jornal Cogumelo Atômico e de seus jovens fundadores. Na Brusque da década de 1970, três rapazes mal saídos da adolescência criaram um movimento artístico-cultural que saiu da cidade e se espalhou por todo o país, o projeto resgata essa atmosfera e as anedotas da época. Diagramado por mim mesma, na plataforma Wix, o site foi baseado no estilo 'zine' que estourava na época. O texto escrito em jornalismo literário é complementado com vídeos-entrevistas e ilustrações retiradas do jornal original.

 

Após a defesa na universidade, o projeto teve seu lançamento oficial em um evento promovido pelo trio fundador do "Cogumelo Atômico", que também organizava uma exposição com o material original dos anos 70. O trabalho conquistou boa repercussão na região, sendo citado em reportagens de rádios locais e veículos impressos como o jornal 'Município' e o 'Santa'.

Restinga, uma inconveniência necessária

[Reportagem produzida para a Agência Prefixo]

Âncora 2

Dia de sol em Navegantes. Guarda-sóis, isopores, brinquedos e toalhas começam a preencher a faixa de areia logo de manhã cedo. Chegam as famílias com as crianças no colo, todos de chinelos e atentos ao chão. “Esse mato machuca demais, não sei pra quê isso ainda”. A vegetação castiga os descalços e rala as canelas dos banhistas, que aos poucos vão aprendendo a importância daquela “inconveniência”.

No final do último outubro a prefeitura se viu obrigada a declarar estado de emergência após uma ressaca que atingiu grande parte das cidades litorâneas da região. As construções que beiravam a Praia do Gravatá foram carregadas pelo mar e invadiram a Avenida Beira Mar, cancha de bocha, academia popular, parquinho e deck. Tudo foi destruído pela força das águas. No entanto, o bairro Meia-Praia, a poucos quilômetros dali, não viu nem de perto tamanho desastre. Teria tido o mar misericórdia pela região?

O setor público mantém um projeto de recuperação da orla de Navegantes no bairro, uma Área de Preservação Permanente conserva a vegetação culpada pelos pequenos empecilhos aos banhistas, ou restinga. De acordo com a oceanógrafa Débora Ortiz Lugli Bernardes, do Laboratório de Estudos de Ecossistemas Costeiros da Univali, essas plantas são responsáveis por fixar o sedimento das dunas e sua retirada faz com que a areia das praias fique mais suscetível a deslocamentos pelo vento ou até pelas águas.

 

Ela conta que o projeto colocado em prática na cidade de Navegantes foi elaborado com base nas metodologias propostas por pesquisadores renomados na área de recuperação de praias e dunas. No caso, o poder público mesclou as necessidades de preservação com a demanda causada pelo grande movimento atraído pela praia. A opção foi por decks que têm um impacto mais ameno na vegetação.

 

A oceanógrafa afirma que o problema da praia do Gravatá é a série de construções irregulares que foram executadas na região. As casas, prédios e vias foram construídas em cima do sistema de dunas, ao invés de serem colocados atrás dele, o que preservaria a barreira natural. Complementa que a praia não entra no projeto de preservação devido aos altos custos e a dimensão das ações necessárias.

“Enquanto a população não compreender a importância dos ecossistemas costeiros, e efetivamente ordenar e fiscalizar os diversos usos neste espaço, a situação observada atualmente em todas as praias não mudará. Quem tem que mudar o comportamento é o ser humano, somente assim ele terá condições de cobrar do poder público a efetiva aplicação das ferramentas disponíveis para o desenvolvimento de políticas que considerem a manutenção dos ambientes naturais durante o processo de desenvolvimento econômico e social do municípios litorâneos”.

Fumantes dão primeiros passos para largar o vício com apoio do SUS

[Reportagem produzida para a Secretaria de Saúde de Brusque]

Âncora 3

Após quase 30 anos de vício, o cigarro se tornou um grave problema na vida da agente comunitária de saúde Nair Campos de Azevedo. Agora, a moradora do Steffen encontrou, na Unidade Básica de Saúde onde atua, uma oportunidade de parar de fumar e buscar uma vida mais longa e saudável. Na última semana, ela se juntou ao primeiro Grupo de Combate ao Tabagismo do município. A novidade foi implantada pela Secretaria de Saúde para ajudar fumantes que querem abandonar o hábito.

Nair tem consciência de que parar de fumar pode ser difícil, mas acredita que a troca de experiências e o apoio proporcionado pelo grupo farão diferença. “Minha esperança é me livrar desse fardo que é o cigarro. Esses encontros são algo para se apoiar e ter alguma expectativa de vida”. No programa, os participantes podem trocar experiências durante reuniões semanais, sempre acompanhados por profissionais da área, e podem dar continuidade ao tratamento com consultas individuais que são agendadas de acordo com a necessidade de cada paciente. 

A enfermeira responsável pelo grupo, Danieli Martins, relata que a convivência entre os usuários que dividem as mesmas dificuldades é um estímulo para abandonar o vício. “Logo após o primeiro encontro, alguns contaram que passaram a diminuir a quantidade de cigarros”. De acordo com ela, os participantes vêm demonstrando bastante motivação para parar, mas ainda expressam medo de não conseguir. “Por isso a importância da experiência em grupo. Quando o outro conseguiu, o usuário vê que ele também pode”.

O cigarro é um dos produtos de consumo mais vendidos no mundo, matando em média 3 milhões de pessoas por ano. Somente no Brasil, 23 pessoas morrem vítimas de doenças relacionadas ao tabagismo a cada hora, fato que levou o Ministério da Saúde a criar o Programa Nacional de Controle ao Tabagismo e incentivou a implantação do programa brusquense. O projeto do Steffen ainda é único na cidade, porém a Secretaria de Saúde planeja criar novos grupos de acordo com a demanda das unidades.

Voz para as domésticas

[Reportagem produzida para a Agência Prefixo]

Âncora 4

As redes sociais são, frequentemente, consideradas um termômetro da opinião pública, abrigam discussões e as pautam também. Nos últimos tempos, uma página no Facebook trouxe à tona um assunto que ciclicamente volta aos posts e caixas de comentários dos usuários. A rapper e professora de história Joyce Fernandes, ou Preta-Rara, já foi empregada doméstica, e mantém uma fan page na qual reúne e divulga relatos de outras que já exerceram a profissão. Todos envolvem as relações entre patrão e doméstica, e a maioria escancara os abusos sofridos por essas mulheres.

 

O pontapé inicial foi um post de Joyce sobre uma situação que viveu enquanto ainda trabalhava em casa de família, no qual usou a hashtag #EuEmpregadaDoméstica. Hoje, ela recebe dezenas de e-mails diários com histórias de mulheres de todo o país, inclusive de nossa região. Horários exaustivos, humilhações, salários baixos, situações que demonstram que muita gente ainda não absorveu o conceito da Lei Áurea. Até as que aparentam ser simples propostas de emprego conseguem exprimir o conceito de subemprego que está arraigado na cabeça de muitas patroas.

O piso regional de Santa Catarina estabelece o valor de R$ 1.009,00 mensais para empregadas domésticas, ou R$ 4,58 por hora, desde o início de 2016. No entanto, não é preciso cavar fundo nos grupos de vagas para encontrar ofertas longe de permitirem uma vida financeira saudável. De acordo com os dados do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, a média de salários oferecidos no Brasil para a categoria é de R$ 700, mais de 20% abaixo do salário mínimo.

 

A diarista Marisete Heronides da Silva conta que sempre trabalhou em casas de família, desde muito nova. “Na primeira vez, fui morar em Blumenau com uma família, tinha 15 anos. Fiquei nessa casa por 5 anos até me casar e voltar para Bombinhas”. Hoje, trabalha como diarista, limpando as casas de veraneio da cidade litorânea. Ela relata situações que, frequentemente, são retratadas na página Eu Empregada Doméstica. “Desconfiança todos eles têm. No meu caso, nessa casa que eu já trabalho há 17 anos, no começo eram bem desconfiados”. Seus patrões deixavam dinheiro dentro da piscina e dólares em lugares estratégicos dentro da casa, artimanhas para testar o caráter da nova empregada.

São muitas as histórias humilhantes que se repetem na profissão. Marisete conta que tem amigas que já foram assediadas sexualmente por patrões, e que já abandonaram essas casas. Mas não é somente dessa forma que se exprime o abismo social entre as classes. Quando sua filha era pequena, uma das patroas a convidou para brincar enquanto Marisete limpava. Depois de apenas dois dias, recebeu uma ligação pedindo que não a levasse mais pois a filha da patroa se sentia excluída da brincadeira de sua prima com a filha da empregada. “Daí a gente percebeu, filho de patrão e empregado não se misturam”.

PEC das Domésticas

Desde o ano passado, o Brasil indica estar caminhando aos poucos rumo a uma maior valorização da categoria. Com a aprovação da PEC 66/2012, a PEC das Domésticas, a constituição garante novos direitos para essas trabalhadoras, que passam a ter grande parte dos direitos previstos na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). De acordo com a advogada Brunildes da Costa, é um grande avanço para as empregadas estarem inclusas nas leis trabalhistas tradicionais, pois muitas não recebiam o Fundo de Garantia, por exemplo.

Por outro lado, ela relata uma retração na categoria. “Os custos estão mais altos, então muitas pessoas que tinham empregada agora optam pela diarista, uma ou duas vezes por semana” (mais do que isso, configura-se vínculo empregatício). A advogada vê a PEC como uma conquista necessária. “É uma questão de igualdade, são trabalhadoras, nada mais justo do que ter acesso aos mesmos direitos”.

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